Jamila's goal

segunda-feira, 15 de março de 2010

Sobre a obesidade - expandindo a visão sobre o assunto (parte 1)


 
Estar nesse processo de reeducação vem me fazendo refletir um bocado sobre mim mesma, meus hábitos e, naturalmente, o mundo em que eu vivo. Por isso, acho de extrema importância partilhar esse insight que eu tive outro dia - para mim, isso se torna um motivo a mais para manter minha determinação.

Vivemos num mundo dominado por corporações: mídia, telecomunicações, alimentos, remédios, veículos. Elas estão nos bombardeando o tempo todo com propaganda, seja nos comerciais de tevê, nos patrocínios, nas publicações, enfim... Estamos cercados de propaganda.

A indústria de alimentos e bebidas investe forte em marketing, formando consumidores desde cedo. O Mc Donald's não dá brinquedos nos lanches só porque eles são legais - desde pequenas, as crianças aprendem a associar aquele tipo de alimento a diversão e recompensas. As crianças que assistem muita TV torturam seus pais no supermercado implorando por produtos, porque seu desejo foi estimulado de tal forma que elas passam a achar que serão infelizes se não possuírem/consumirem aqueles artigos. Eu poderia escrever por horas sobre o assunto, mas prefiro deixar aqui a dica de um filme chamado "Criança, a Alma do Negócio", no qual, entre outras barbaridades, vemos crianças que identificam um saco de Cheetos de Doritos ou de bolacha sem ver o nome, mas não sabem o que é uma berinjela ou um pepino.

Essa é a parte 1 do filme - basta ir clicando nas seguintes (são 5):


Os efeitos dessa massificação do consumo de alimentos extremamente calóricos já são muito, muito alarmantes.

O mais recente relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde) afirma que a atual geração de crianças poderá ter uma expectativa de vida menor que a de seus pais, e isso se deve basicamente a doenças não-contagiosas, como hipertensão e câncer.
Um dos trechos mais impactantes:

"Os especialistas asseguram que uma quarta parte das mortes atribuídas a essas doenças poderiam ser evitadas com medidas de prevenção adequadas.
No total, 35 milhões de pessoas morrem por ano por causa dessas doenças, entre elas: problemas de coração, derrames cerebrais, diabetes, câncer, doenças respiratórias crônicas e distúrbios mentais."


Leia mais nestes links:

http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2010/02/25/saude-da-nova-geracao/

http://www.obesidadeinfantil.org/


O resumo da ópera: a população mundial nunca foi tão doente quanto hoje, e "coincidentemente", nossa alimentação e hábitos de vida nunca foram tão insalubres e ameaçadores à boa qualidade de vida. Estes são os tempos da ciência e da medicina mais avançadas de todos os tempos, e ainda assim os seres humanos vão continuar morrendo de causas evitáveis, em países ricos e pobres.

Enquanto isso, preste atenção às embalagens nos supermercados: para ficar num exemplo absurdo, hoje vi um pacote de balas mastigáveis em formato de mini-hambúrgueres, ou seja: algo feito basicamente de resinas, açúcar e corante. A embalagem dizia em grandes letras: "fonte de proteínas" (??????)

O tempo todo, as empresas estão "disfarçando" o real impacto dos alimentos cheios de calorias vazias: "rico em cálcio", "vitaminado", criando a impressão de que se está adquirindo um produto que traz benefícios à saúde. Os minerais e vitaminas podem até estar lá, mas virão acompanhados de muitos gramas de carboidratos e gorduras, timidamente listados nas letras miudinhas das informações nutricionais. Exemplo:

100g de bolacha Trakinas te garantem 2 mg de ferro embrulhados em 475 calorias.
100g de espinafre te garantem 3 mg de ferro embrulhados em... 20 calorias.


Nós que usamos a Internet temos acesso a informação (na grande mídia, mas também em outras fontes, como um blog, rs!) e temos oportunidade de desenvolver nosso senso crítico em relação ao impacto de tudo isso em nossas vidas. Infelizmente, isso já não acontece com o cidadão de baixa renda e baixa escolaridade, que encontra na televisão uma fonte confiável de informações e aconselhamento. E é lá que ele vê uma mulher de biquíni lhe oferecendo cerveja, com letrinhas minúsculas dizendo "beba com moderação", cidadãos tendo orgasmos solitários ao levar um sorvete à boca e outras tantas ferramentas de persuasão. As pessoas se tornam criaturas infelizes e incompletas porque não possuem ou consomem o que lhes é oferecido nas telas da hipnose do marketing.


...

Você vai continuar bancando os altíssimos lucros dessa gente que está por trás de tudo isso? :)

3 comentários:

nagash disse...

procure também um documentário chamado Consuming Kids, é bem parecido com o "Criança, a alma do negócio" e é ótimo comparar os dois pra entender a diferença entre o primeiro e o terceiro mundo. aqui a questão central é a falta de educação do povo, lá a coisa é mais centrada na falta de escrúpulos das corporações, e suas estratégias inacreditáveis para manipular os pequenos...

Cristiane Kissy! disse...

Nagash, neste caso acho que já temos mais isto em comum com o primeiro mundo, porque as nossas instituições estão cag***o e andando em vários sentidos...

Jamis, adorei o post!

bjos

Suely T. Maia disse...

Uma das muuuuiiitas coisas que aprendi com o Vigilantes é que precisamos perceber a diferença entre COMER e SE ALIMENTAR. COMER aceita qualquer coisa, só pra encher o estômago e cobra um preço bem "pesado" (rsrsrs) do nosso organismo. SE ALIMENTAR é perceber aquilo que nos faz bem (abrindo mão ou controlando a ingestão de certas guloseimas). O organismo agradece com mais energia e disposição, pele e cabelos saudáveis, auto-estima lá no alto etc etc etc.