Jamila's goal

quinta-feira, 25 de março de 2010

Sobre a obesidade - expandindo a visão sobre o assunto (parte 2)



Semana passada escrevi um pouco sobre a questão da obesidade como epidemia mundial, o papel da propaganda e da indústria alimentícia nesse processo, e os riscos que a geração atual corre de viver menos que seus pais em função da baixa qualidade de vida. Hoje eu gostaria de me debruçar sobre um outro aspecto importantíssimo do impacto mercadológico da gordura: a indústria farmacêutica.

Se você acha que a indústria farmacêutica é um bando de cientistas bonzinhos buscando cura para os grandes males da humanidade, pense novamente. Eu não tenho medo de dizer que ela é um dos mercados mais sórdidos já criados pela humanidade. OK, eles também salvam vidas, minimizam sofrimentos. Mas não dá para esquecer os testes com cobaias humanas em países pobres (quem assistiu ao filme O Jardineiro Fiel sabe do que eu estou falando), a biopirataria, a distribuição de medicamentos com efeitos colaterais perigosos e... altos lucros com pacientes crônicos.

Para ilustrar um pouco melhor o que estou descrevendo, aqui estão alguns números:

População atual do Brasil: cerca de 185 milhões de pessoas

População de hipertensos: cerca de 17 milhões (9% da população total, mas representando 35% da população acima de 40 anos)

População de diabéticos: cerca de 9% da população (11% da população acima de 40 anos). No mundo todo, há 240 milhões de diabéticos, ou 6% da população.


Aqui estão alguns dados sobre os medicamentos mais vendidos do mundo - veja quantos deles tratam problemas crônicos relacionados a obesidade, colesterol, problemas cardiovasculares, diabetes (clique na imagem para ver o resto da tabela):


Para saber mais sobre os números da indústria farmacêutica no mundo:
http://www.scribd.com/doc/7018731/250706-Relatorio-Setorial-Farmaceutico-Inicio-de-Cobertura


Onde eu quero chegar? No óbvio: nenhum paciente é tão interessante para a indústria quanto o paciente crônico.
O cara que toma vários comprimidos por dia, cada vez mais a cada ano que passa, até morrer.

Portanto, conscientize-se de algo importantíssimo: a indústria e a mídia não querem que você emagreça e seja saudável. Bom, talvez a indústria de fitness (rsrsrs!), mas ela é pequena demais comparada à indústria alimentícia e à farmacêutica. Nenhuma indústria mudará sua forma de oferecer produtos às pessoas ou fará campanhas razoáveis de prevenção dos problemas de saúde se é deles que elas tiram seu lucro. Não confie em embalagens, nem em "campanhas de conscientização" - o impacto do marketing de produto é sempre muito superior ao resultado dessas iniciativas.

Se não tomarmos para nós a responsabilidade de cuidar da nossa saúde e PREVENIR problemas, logo estaremos com nossos comprimidinhos, seja para hipertensão, seja para diabetes, seja para depressão e outros transtornos psicológicos (ou você acha que uma autoestima baixa também não gera quadros mais graves de distúrbios?). Logo vamos fazer parte das estatísticas da OMS que já citei no outro post, apontando que a expectativa de vida mundial está caindo.


A indústria farmacêutica não quer que você se cure. O que ela quer é que você tome mais remédios - de preferência, todo dia, e começando cada vez mais cedo na vida.

Emagreça, faça atividades físicas, coma alimentos saudáveis e não dê esse gostinho a eles. :D




Links:

Um comentário:

Márcia disse...

Post incrivel!
Triste é que algumas pessoas, muitos deles jovens, acham mais fácil tomar remedio, afinal são remédios "naturais".

Bjo